Brasil

Governo vai levar construção mais rápida e barata às grandes obras nacionais, pela nova lei de licitações

MDIC lidera articulação interministerial para aplicar tecnologia integrada aos projetos do Novo PAC e do Minha Casa Minha Vida, entre outros.

Os grandes programas governamentais de habitação, mobilidade e infraestrutura, entre outros, deverão usar preferencialmente, a partir do ano que vem, tecnologia integrada que reduz os custos e o tempo de conclusão das obras, além de contribuir para a descarbonização na construção civil.

Esse é um dos desafios a ser enfrentado pela Estratégia Nacional de disseminação do BIM, que foi retomada nesta segunda-feira (31/7) em reunião interministerial na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

BIM é a sigla em inglês para “Building Information Modelling” – em português, Modelagem da Informação da Construção.

Trata-se de um conjunto de tecnologias e processos integrados que permite a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais da obra, de modo colaborativo, servindo a todos os participantes do empreendimento durante o ciclo de vida da construção.

Na abertura da reunião, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, destacou a importância estratégica da construção civil para a política de neoindustrialização do governo Lula, que é coordenada pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin.

“A construção civil gera 7 milhões de empregos e tem um efeito extraordinário em toda sua cadeia. Uma cadeia que possui importante papel tanto na inovação, mas como na sustentabilidade e na transição estratégica, como demonstra o próprio BIM”, afirmou

Com a retomada da Estratégia BIM BR, o governo federal pretende revisar os indicadores e metas determinados em 2018, em sua primeira versão. Para isso, o MDIC lidera a articulação com a Casa Civil e os ministérios das Cidades; da Educação; de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); da Defesa; de Portos e Aeroportos; dos Transportes; e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI); que deverão integrar o novo Comitê Gestor do programa.

Grandes obras

Na reunião desta segunda, foi apresentada aos participantes governamentais a minuta de decreto de reestruturação do Comitê Gestor. Também serão ouvidos os setores privados ligados ao tema. A expectativa é que o decreto seja publica até outubro.

“A iniciativa é fundamental para o fomento de pautas importantes relacionadas ao BIM, como a sua introdução nas construções do Minha Casa Minha Vida; nas obras do Novo Plano de Aceleração do Crescimento; no aperfeiçoamento da formação nos cursos de engenharia e arquitetura; e para a estruturação do setor público para contratar obras em BIM, considerando que a nova legislação de licitação e contratos estabelece o uso preferencial desse sistema”, avalia Rafael Codeço, diretor de Desenvolvimento da Indústria de Bens de Consumo Não Duráveis e Semiduráveis do MDIC.

A nova legislação citada por Codeço é a lei 14.133/2021, que em seu artigo 19, parágrafo 3º, prevê: “Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modelling- BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que venham a substitui-la”.

O diretor lembra, ainda, que a adoção do BIM está alinhada a um dos objetivos das missões criadas no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), mas que busca adensar as cadeias produtivas com uso de sistemas digitais inteligentes.

Segundo Codeço, a difusão do BIM terá importante papel na reativação da indústria da construção, que nos últimos dez anos perdeu 22,9% dos postos de trabalho e teve a renda do trabalho reduzida ao menor nível desde 2007.

Redução de custos e de prazos

O principal benefício do BIM é melhoria na qualidade do processo da construção. A partir de um modelo digital integrado, a compatibilização de diferentes projetos é realizada de maneira precisa. Antecipa-se a detecção de interferências físicas e funcionais, evitando desperdícios de prazo, custo e materiais durante a execução da obra.

Rafael Codeço destaca os resultados obtidos em projetos da Secretaria Nacional de Aviação Civil em obras de cinco aeroportos regionais pelo método BIM: Maringá (PR), Passo Fundo (RS), Joaçaba (SC), Bom Jesus (PI) e Dourados (MS). “Nessas obras, que totalizaram um investimento aproximado de R$ 260 milhões, não foram registrados Termos Aditivos por falhas em projeto”, informa.

Outro caso citado pelo diretor é o de uma escola municipal de Florianópolis (SC), com 5.400 m² de área construída. “Na licitação, havia sido previsto um prazo de 24 meses para conclusão da construção. No entanto, ela foi finalizada com um ano de antecedência, beneficiando a população local”.

Descarbonização

O uso do BIM também pode ser indutor para políticas de descarbonização na construção civil. No setor, as emissões de gases do efeito estufa ocorrem em três etapas: na produção de materiais, no transporte e no uso dos edifícios.

Com o BIM, é possível simular a pegada de carbono decorrente da implementação de cada projeto, mas permitindo a comparação dos impactos ambientais de maneira facilitada.

Além disso, o BIM é aliado em soluções de construção industrializada, off-site e modular. Em construções residenciais multifamiliares, essa solução apresentou potencial de redução de até 40% das emissões em relação à construção tradicional, de acordo com o relatório aberto da consultoria McKinsey.

Capacitação e inovação

O desenvolvimento de aplicações em BIM já representa um importante mercado no Brasil, segundo Codeço. No entanto, os investimentos necessários para adquirir licenças de softwares são altos.

Por este motivo, a Estratégia BIM BR também busca criar condições para o desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas ao método e para a capacitação de mão de obra. A inclusão do MEC entre os participantes do Comitê Gestor foi classificada como fundamental por todos os participantes da reunião de hoje.

“Precisamos fomentar o ecossistema nacional de inovação para estimular o surgimento de mais aplicações em BIM.

Mas Para isso, o Comitê Gestor da Estratégia reúne Órgãos com atribuições institucionais relacionadas ao desafio de capacitar o setor produtivo nacional a alcançar esse importante mercado”, finaliza o diretor.

Para mais informações sobre o BIM e seus benefícios, consulte a página do projeto Construa Brasil no site do MDIC.

Fonte: Gov.br